Aviso: O conteúdo aqui apresentado tem uma finalidade exclusivamente informativa sobre um tipo específico de jogo e como jogá-lo. O objetivo deste conteúdo não é nem promover nem disponibilizar um tipo de jogo, mas simplesmente informar o jogador acerca de como jogá-lo.


Falámos com AJ Rudolph, Diretora de Educação do grupo feminino Poker Power e vice-presidente da Women’s Poker Association.

Saiba o que ela tem a dizer sobre como é ensinar mulheres a jogar poker!

*A entrevista foi editada e condensada para maior clareza.

Das Aulas Virtuais para as Mesas de Poker ao Vivo

Amanda: A principal missão da Poker Power é ensinar mulheres a como jogar poker. O que é que a surpreendeu mais ao ensinar nestas aulas?

AJ: Ah, essa é uma excelente pergunta. Sinceramente, penso que aquilo que mais me surpreendeu foi voltar àquilo que é jogar quando começamos.

Pensa em todas aquelas coisas que eram grandes obstáculos para ti. Agora, é claro que, quando comecei a jogar, comecei a jogar pessoalmente. Portanto, isso nunca foi um obstáculo para mim.

Mas a maior surpresa para mim é que, como a maior parte do nosso ensino é feito virtualmente e online, o maior obstáculo para as mulheres superarem é jogar poker ao vivo.

Não é que alguma vez o tenham de fazer. Mas simplesmente superar esse obstáculo foi muito mais difícil do que esperávamos.

Amanda: Como assim?

AJ: Coisas que tens de fazer quando estás a jogar poker ao vivo que são muito diferentes... até mesmo calcular o tamanho do pote, certo? A app diz-te quanto está no pote.

Mas se olhares para o pote quando estás a jogar ao vivo, pensarás “Ah, espera! Ok... então, quantas pessoas estavam em jogo? Deixa-me somar.”

Quando conseguimos que as mulheres joguem ao vivo, é uma experiência muito gratificante para elas. Tu ouve-las dizer que foi incrível e muito divertido, incluindo pequenos detalhes como ouvir o som das fichas na sala. 

Mas foi mesmo surpreendente para mim o quão difícil é fazer com que mulheres queiram jogar ao vivo.

Jogadoras de Poker e Estereótipos

Amanda: Há muitos estereótipos à volta, não só de mulheres e poker, mas de jogadores de poker no geral – desde que idade tens até como te vestes.

O que é que achas disso? Acreditas que precisamos disso para as reads ou focas-te em desafiar os estereótipos?

AJ: É fascinante. As pessoas estereotipam sempre nas mesas. Eu tento não o fazer. As pessoas dirão coisas como:

  • “Olha, lá está o velhote ali na mesa, ele vai ser nit”. Sabes, esse género de coisa.
  • “Ou as mulheres nunca vão arriscar. As mulheres não vão fazer bluff. As mulheres não vão fazer o que quer que seja.”

Eu acho isto interessante nas nossas aulas. Nós tivemos algumas aulas com mistura de géneros e uma das coisas que dizem sobre as mulheres é que nós não corremos riscos. Ou que não corremos riscos suficientes.

Há sempre exceções à regra. Mas quando vejo alguns destes grupos compostos por vários géneros, vejo que os homens estão muito mais dispostos a arriscar e as mulheres muito menos predispostas a correr riscos. E é aí que o nosso treino se insere.

Nós incentivamos as mulheres a saírem da sua zona de conforto e a assumirem ações mais agressivas.

mulheres no poker entrevista aj rudolph

O Medo de Fazer Bluff...

Amanda: Aversão ao risco é uma das diferenças mais significativas nestes grupos de géneros mistos. Há mais alguma coisa em que reparas?

AJ: As mulheres parecem ter medo de fazer bluff porque pensam nisso como mentir e não querem que pensem isso delas. Elas pensam que nós as estamos a ensinar a mentir.

No jogo da vida, tens de procurar por oportunidades de ganhar. Sem dúvida, não estás a contar tudo – mas isso é aceitável.

Os homens retêm informações várias vezes em situações de negociação. Tu não mostras todas as tuas cartas. Não deves mostrar.

Estás a reter essa informação para criar uma oportunidade de ganhar. E isso é aceitável fazer. E é assim que se joga na vida.

A Idade É Só Um Número?

Amanda: A Poker Power já experimentou ensinar pessoas de várias idades e mulheres de diferentes origens dentro do grupo demográfico.

Que diferenças notaste com base na idade, carreira, etc.?

AJ: Especificamente, as diferenças na idade são as que mais se destacam para mim. Achamos que os grupos mais jovens podem beneficiar do que ensinamos e das habilidades porque estão no início das suas carreiras.

Mas se nunca estiveste num ambiente corporativo, não viste algumas das discrepâncias, disparidades e desafios que enfrentas.

É difícil saber porque é que precisas de treino.

Estas mulheres mais jovens nunca trabalharam num local de trabalho. Por isso, elas não compreendem. As mulheres que já têm as suas carreiras definidas compreendem. Identificam-se mais profundamente com isto.

Ficar Confortável com o Dinheiro!

Amanda: Quer se trate de um torneio de poker ou de um cash game, é essencial para as mulheres manobrarem dinheiro real?

AJ: Consegues aprender muito sem ele. Mas também passas ao próximo nível quando colocas fisicamente alguma coisa em risco.

Se és uma jogadora de poker profissional, esperas ganhar apenas 20% dos torneios. Sim, vais perder muitas vezes. E, por isso, tens de te sentir à vontade com isso. Cria resiliência.

Jogar a dinheiro eleva-te a um nível totalmente novo, mesmo algo como vinte dólares. É aí que se torna num jogo de alocação de capital.

Muitas mulheres não têm controlo das suas finanças ou não prestam atenção suficiente às mesmas. O poker é como trading. É-te entregue um monte de fichas e tens de aumentar o tamanho desse monte!

  • Vais perder algumas.
  • Vai ganhar algumas.
  • Mas tens de tomar os tipos certos de riscos!

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AJ Rudolph terminou na primeira posição no Women in Poker Hall of Fame Bounty Tournament no Resorts World, em Las Vegas, a 14 de Dezembro de 2022.
 

Amanda é a autora do livro A Girl's Guide to Poker, dedicado a tornar o poker amigável e acessível para todos. Em 2021, ela foi finalista nas World Series of Poker, onde ela e o seu pai ficaram em terceiro lugar no evento tag team.